A eleição e os limites da checagem de fatos

Não deu nem para saída e a sequência acima, do twitter de uma mais das mais respeitadas checadoras do país (inclusive por mim), se não é um jogar de toalha, é demonstração de impotência diante dos estreitos limites do “fact checking” que ficaram patentes nesta eleição. Já ficou claro que mesmo com iniciativas como a do Facebook – no qual a checadora acima está inserida – e do Projeto Comprova, a checagem de fatos tem ainda um longo caminho a percorrer para ser útil – se realmente isso for possível.

Além do fato de não ter acesso às fontes das “fake news”, que são múltiplas, espalhadas e mutantes, a checagem de dados enfrenta dois obstáculos, um de ordem filosófica, outro oriundo da evolução. Como próprio nome da atividade diz, o trabalho se concentra em verificar se as informações que circulam por aí, principalmente nas redes sociais, são verazes e, em caso positivo, se o são completamente ou não. Dessa forma, a abordagem dá como certo que os seres humanos tomam decisões com base em fatos, de maneira racional. Como sabe qualquer humano que já tenha lidado com outro humano, não há nada de mais falso.

Vamos fazer umas continhas (pensou que tinha escapado, hein?). Como a gente define civilização? Há um consenso de que foi quando o homem aprendeu a plantar e, gradativamente, se fixou nos lugares mais férteis e criou as cidades (cidades, civitas em latim, civilização… Ahn? Ahn?). Há uma enorme disputa para saber qual a cidade mais antiga, que, no momento, vem sendo ganha por Jericó, localizada em Israel, que teria cerca de 10 mil anos. Guarde isso.

Agora, quando surgiu o conceito de que devemos racionalmente olhar a natureza? Outro ponto de discórdia, mas, aqui no Ocidente, costumamos pôr o ponto inicial nos filósofos pré-socráticos, que passaram a procurar explicações racionais para os fenômenos (Tales de Mileto, considerado o primeiro, morreu há uns 2.600 anos). Eles, no entanto, não pretendiam provar algo recorrendo a provas físicas, mas em termos mentais, filosóficos (daí também serem conhecidos como “filósofos naturais ou da Natureza”). Ou seja, não procuravam explicações físicas para os fenômenos, não os checavam. Quando isso passou a ocorrer? Como não podia deixar de ser, há discordância nesse ponto também. De minha parte, voto em Galileo Galilei, o primeiro sujeito a teorizar sobre um fenômeno e depois ir lá checar na realidade se a sua teoria fazia sentido – e não fazendo, mudava a teoria (Ok, Leo da Vinci veio antes, mas era disperso demais para ser considerado cientista, era mesmo inventor). Galileo começou a publicar em fins do Século XVI e se tornou realmente famoso no início do XVII (foi processado pela Igreja em 1610).

Então temos que a civilização começou há uns 10 mil anos e a ciência como a conhecemos hoje, que tem como um pilar a checagem, há uns 500. Assim, a ideia de que fatos devem guiar nossas decisões existe há 0,5% do tempo da vida civilizada. Note que estou restringindo muito o período, pois só estou falando do surgimento das cidades para cá, esquecendo os outros milhares de anos durante os quais o “homo sapiens” habita a terceira pedra a partir do Sol (segundo a última contagem, 300 mil). Esse é o obstáculo evolutivo.

Obviamente, cinco séculos é muito pouco tempo para se mudar crenças arraigadas por 9.500 anos antes (no mínimo). Quer ver? Semana passada, na mesa de aniversário de uma amiga, presenciei uma mulher muito inteligente explicando, com o uso de definições com nomes bacanas, por que inferno astral não existe, sendo uma jabuticaba brasileira. Era uma astróloga. Astrologia…Uma “ciência” que afirma que uma pessoa nascida entre 23 de outubro e 21 de novembro é do signo de Escorpião e, por isso, tem sua personalidade determinada pela influência de uma constelação cuja estrela principal, Antares, está a 619,7 anos-luz da Terra. Prova empírica, passível de checagem? Nenhuma. Mas centenas de milhares (talvez dezenas de milhões) de pessoas em todo o mundo acreditam.

Esse é o limite da checagem de fatos, mais do que ter ou não acesso aos algoritmos de criptografia do What’s up (único modo de combater de verdade as “fake news” em aplicativo de mensagem instantânea é esse, para saber a fonte do boato, o que implicaria acabar com o produto, que tem como um de seus pontos de atração a suposta inviolabilidade das conversas enviadas por seu intermédio). As pessoas acreditam em algo não porque haja fatos a corroborá-los, mas por que têm experiências e preconceitos que a fazem escolher os fatos nos quais acreditar (e receber a aprovação do grupo, como você deve ter lido no link sobre o obstáculo evolutivo). Há assuntos (e mentes) em que os fatos pesam mais do que outros, claro, mas política certamente não é um deles.

Quero dizer que a checagem de dados deve acabar? Nada disso. Não só deve continuar como ser ampliada, passando a checar também empresas, associações de classe e ONGs, por exemplo, além de políticos. O que não pode, a meu ver, é mostrar-se como panaceia para evitar “fake news” e árbitro da verdade. Essa pretensão não passa pelo mais frágil processo de checagem.

O grande Marcos de Castro e a Coleguinhas

Mestre de jornalismo e dignidade

A história que prometi contar na página de apresentação do Prêmio Marcos de Castro de Jornalismo na Internet.

Em 1996, Marcos era o responsável por criticar os textos no JB. Ele lia o jornal todo e fazia comentários sobre eles, sempre da maneira gentil e humilde que o caracterizava. Um dos pontos em que sempre batia era sobre o verbo colocar, dizendo que havia um abuso em sua utilização. Colocar segundo ele, era apenas o ato de pôr suavemente algo em algum lugar, pousar. Para outras ações, havia pôr, botar, jogar, atirar etc.

Eis que houve uma tentativa de sequestro do provedor da Santa Casa de Misericórdia da época, cujo nome não me recordo. A matéria foi escrita por um repórter de polícia muito bom, mas com texto… Bem… Vamos dizer… de complicada leitura. Quando recebíamos um escrito desse colega, dávamos uma série de espaços e reescrevíamos a matéria totalmente. Naquele dia, coube a mim fazer o trabalho e segui o “protocolo”. No entanto, na pressa do fechamento, passou um “colocar” na descrição do momento em que os sequestradores jogaram a vítima no porta-malas do carro.

No dia seguinte, Marcos criticou o deslize e tudo teria terminado aí se Manoel Francisco Nascimento Brito não tivesse lido a crítica interna. Irritado por, em sua opinião, a redação não levar a sério o trabalho do mestre, a quem respeitava há muito, reclamou com Marcelo Pontes, editor do JB na época. Ao que me consta foi uma reclamação irritada, mas nada além do que um dono de jornal faz comumente. Pontes, porém, ansioso por agradar, determinou que o redator responsável por deixar passar o verbo incorreto fosse demitido e assim foi feito.

Confesso que não fiquei chocado. Estava há apenas quatro meses naquela minha segunda passagem pelo JB, mas já tinha 14 anos de profissão e, portanto, acostumado com o tipo de chefe que era Pontes e com o arbítrio que perpassava (e, pelo que sei, ainda perpassa) as relações nas redações. Fui demitido, como também de praxe, após o dia de trabalho, e segui para casa, já pensando em como ia arrumar outro emprego. Qual não foi minha surpresa quando, dois dias depois, recebi telefonema de Paulo Motta, o editor do caderno de Cidade, dizendo para eu voltar, pois estava reempregado.

Entendendo nada, voltei no dia seguinte e cai no meio de um impasse. Ao saber que eu fora demitido devido a uma crítica que fizera, Marcos entrou em contato com M.F. e avisou que estava saindo também, dizendo que suas críticas eram para melhorar a qualidade do publicado pelo JB, não para demitir colegas.

Aqui parêntese. Anos antes, fora escalado para ser redator do Globo por Lutero “Cabeça de Lata” Soares, editor de Nacional/Política do Globo, que queria me manter na equipe após a cobertura das eleições de 1986 (muito por instâncias de Luiz Mário Gazzaneo, João Rath e Mário Marona), mas não tinha vaga como repórter. Marcos estava saindo jornal e Lutero resolveu me pôr no lugar dele não se importando (pelo menos não o suficiente para mudar de ideia) de que eu tivesse apenas 26 anos (seria o mais jovem redator do jornal em décadas, soube depois) e tocava português de ouvido, como ainda hoje. “Senta lá ao lado do Marcos e vê se aprende alguma coisa”, determinou. Foram 15 dias de êxtase ao lado daquele monstro sagrado –não deram em muito, como você já deve ter observado – que fizeram com que ele se sentisse meio que responsável por mim. Fecha parênteses.

Pressionado por Marcos, Nascimento Brito ordenou minha reintegração. Pontes, que estava de folga, só soube quando retornou e não gostou. Mandou me demitir de novo (dessa vez por telefone) e, para não ter que resolver o problema com um patrão furioso por ser desobedecido, tirou férias (me disseram que foi para o Japão, mas jamais chequei se era informação correta ou blague dos colegas), esperando que o episódio esfriasse.

Marcos manteve a posição e se demitiu ao saber que eu continuava fora do jornal. Informado, liguei para ele e pedi que não fizesse aquilo – arranjaria outro emprego, até menti dizendo que já estava com outro em vista. Ele resistiu e aí falei que poderia continuar trabalhando, pois, afinal, eu não estava realmente demitido, mas numa espécie de licença. Ele admitiu a lógica de meu argumento (era bom em avaliar argumentos, claro) e voltou ao trabalho. No fim, acabei mesmo demitido, pois Pontes, ao retornar, encontrou Marcos em seu posto, Nascimento Brito mais tranquilo e, argumentando que me trazer de volta seria um ataque direto a sua autoridade, conseguiu manter a demissão. Ao saber, fui ao JB receber as contas e aproveitei para deixar recado para o mestre, dizendo que já tinha conseguido um emprego, que ele não se preocupasse. E, dessa vez, era verdade: começaria na Ediouro dali a dois dias.

No mês que fiquei em casa, sem nada para fazer, sem poder nem procurar emprego, resolvi, para impressionar a namorada da época, criar uma página naquela tal de internet, que fora liberada para acesso público meses antes. Sim, o blog que você está lendo tem origem em Marcos de Castro. Agora entendeu por que o prêmio (mesmo que virtual) de bom jornalismo na internet não poderia ter outro nome que não o do grande jornalista que nos deixou ontem?

Vai na paz, meu mestre. E muito, muito, muito obrigado.

Os deuses das “fakes news”

“Fake news” são os outros

A pouco mais de dois meses das eleições presidenciais que podem definir o futuro do Sudão do Oeste (ou seu sepultamento definitivo), os principais veículos de comunicação tradicionais iniciam um avanço para retomar o “monopólio da fala” por meio um ataque maciço, tipo “blitzkrieg”, contra a incipiente e confusa democratização da comunicação que poderia ser propiciada pela internet. Três movimentos realizados nos últimos meses – o lançamento do projeto Comprova, a divulgação das diretrizes de comportamento dos jornalistas do Grupo Globo nas redes sociais e ampliação do “É ou Não É” do G1 para o “Fato ou Fake”, que engloba todos os veículos do grupo – são, em minha visão, mais convergentes do que divergentes e, muito possivelmente, complementares.

Primeiro, o Comprova. Lançado em 28 de junho, e iniciando sua atividade oficialmente amanhã (6 de agosto), o projeto é financiado pelo Google News Iniciative e o Facebook’s Journalism Project, idealizado pela First Draft – projeto do Shorenstein Center on Media, Politics and Public Policy da John F. Kennedy School of Government da Universidade de Harvard, financiado, entre outros, pela Open Society, de George Soros, que parece estar em todos os projetos que envolvam comunicação -, com apoio da Abraji e do Projor. A ideia anunciada é de combater a “desinformação” que campeia nas redes sociais.

Objetivo dos mais meritórios, mas que, de saída, esbarra em alguns problemas, que já enumerei na página da Coleguinhas no Facebook, além de outros apontados por gente bem mais esperta do que eu (sem contar, claro, a presença de George Soros). Na verdade, o projeto já começa com um erro de checagem – afirma que são 24 veículos que o compõem. Mais ou menos: são 24 veículos, mas que pertencem a 16 grupos e empresas, pois o Grupo Band está representado por quatro (Band TV, Rádio Bandeirantes, Band News e Band News FM), o Grupo Folha por dois (Folha e Uol), e a Abril por dois (Exame e Veja).

Outra questão é a concentração geográfica dessas empresas e grupos. Treze ficam de São Paulo para baixo: nove têm sede em São Paulo (Band, Folha, Estado, Metro, Piauí, Nexo, Abril, UOL e SBT), dois no Rio Grande do Sul (Correio do Povo e GaúchaZH), um é do Paraná (Gazeta do Povo) e um de Santa Catarina (NSC Comunicação), ficando fora do eixo SP-Sul apenas Espírito Santo (Gazeta On Line), Brasília (Poder360), Pernambuco (Jornal do Comércio) e Ceará (O Povo). O problema é que esse desequilíbrio regional tende a criar um viés de cobertura, especialmente porque o projeto encoraja o compartilhamento de sua checagens por veículos que não fazem parte dele.

Esse viés de cobertura já seria ruim, mas há um pior. Considere o mapa abaixo, do resultado final do segundo turno das eleições presidenciais de 2014:

Agora compare os estados em que o candidato do PSDB foi mais votado com os estados em que se encontram os veículos participantes do Projeto Comprova. Pois é: 22 dos 24 têm sua sede nos estados em que os tucanos venceram. E não se diga que não tem nada a ver – no próprio site está dito que a operação foi marcada para começar em 6 de agosto, exatamente por ser a segunda-feira posterior ao prazo final para a indicação das chapas que disputarão a Presidência da República: “O foco inicial do Comprova é a eleição presidencial no Brasil, cuja campanha começa oficialmente em agosto.”

Antes de todos esses senões do Projeto Comprova, um outro chamara minha atenção, como estava no ponto um do post da página da Coleguinhas: a ausência do Grupo Globo. Como o maior grupo de comunicação do país não estava presente num projeto destinado a atacar a disseminação de notícias falsas na internet? A primeira parte da resposta veio logo depois com a inacreditável cartilha que determina como os jornalistas do Grupo Globo devem comportar-se nas mídias sociais, que você pode ler abaixo, junto com as justificativa para a sua edição, assinada por João Roberto Marinho:

A cartilha do Grupo Globo, ao tornar, na prática, seus jornalistas cidadãos de segunda classe por cassar-lhes o direito à livre expressão, fecha ainda mais o cerco à dissidências democráticas na internet brasileira, que começara com o projeto do Facebook envolvendo três agências de checagem brasileiras e que já disse ao que veio.

No entanto, o cerco ainda não estava completo, pois o GG não participa do Projeto Comprova. Agora está. No dia 30 passado, o Grupo dos Marinho lançou a sua versão do Comprova – o “Fato ou Fake”. É praticamente igual ao irmão um tanto mais velho, com um aperfeiçoamento – um robô que espalhará as checagens do Grupo Globo que fazem parte da iniciativa (CBN, Época, Extra, G1, Rede Globo, Globonews, O Globo e Valor). O Comprova não tem essa funcionalidade, mas o também recém-lançado robô Fátima, cria da parceria do quase onipresente e onisciente Facebook com a agência de checagem Aos Fatos, pode bem suprir essa carência por vias transversas, já que a empresa de Mike Zuckerberg dá suporte a ambas.

Como, pelo que os próprios criadores dos projetos deixam a entender, apenas os posts das redes sociais são as criadoras e disseminadoras de notícias falsas, segue-se que as notícias publicadas por qualquer um dos veículos componentes das duas iniciativas – Comprova e “Fato ou Fake” – não serão checadas. Parte-se do pressuposto que esses veículos, ligados a grupos hegemônicos de comunicação do país, sempre dizem a verdade e/ou trabalham com fatos. Não estão e nunca estarão sob suspeita, ao contrário de qualquer outro que não faça parte desse restrito clube. Dessa forma, não há opção: será “fake news” o que os 24 veículos do Comprova e os oito do Grupo Globo disserem que é. E fim de papo.

Agência Sportlight e Ponte emplacam duas matérias cada na final do Prêmio Marcos de Castro e lideram Troféu Elaine Rodrigues

Um brinde à Sportlight e à Ponte

 

A Agência Sportlight fez barba e cabelo na primeira seletiva do Prêmio Marcos de Castro de Jornalismo na Internet ao emplacar as suas duas representantes entre as seis classificadas para a final da premiação. Com isso, a agência-de-um-homem-só – Lúcio de Castro, filho do homenageado – assumiu a liderança do Troféu Elaine Rodrigues, que reconhece a redação que emplacou o maior número de matérias na final, mas não sozinha: a Ponte Jornalismo também pôs duas matérias na finalíssima e divide a primeira colocação.

O resultado da primeira seletiva foi o seguinte:

  1. Eletrobras contrata, sem licitação, agência de comunicação para falar mal de si mesma. (Agência Sporlight) – 15 votos (23%).
  2. Operador de Aécio em Furnas abriu empresa em paraíso fiscal mesmo com Lava-Jato em andamento (Agência Sportlight) – 8 (12%)
  3. Alunos negros enfrentam racismo de colegas e até professores em sala de aula (Ponte Jornalismo) – 8 (12%).
  4. Salgueiro: cidade do Sertão de Pernambuco é o espelho de destruição de economia do país pelo golpe de 2016 (Marco Zero) – 8 (12%).
    /
  5. Governo de Pernambuco desmonta programa de sucesso contra violência e mortes crescem 75% em cinco anos (Ponte Jornalismo) – 7 (11%)
  6. Como os planos de saúde, recordistas em reclamação, se tornaram tão poderosos (Agência Pública) 7 (11%).

 

As três matérias que não se classificaram e voltam na próxima seletiva para a repescagem são:

Elza Berquo, a pioneira na pesquisa demográfica no Brasil (Revista da Fapesp).

PM de Minas persegue e tortura jovem apenas por que pode (Agência Pública)

Moça do asfalto sobre a Rocinha e aprende como é a vida em meio aos tiroteios. (Colabora)

Vamos à 1ª seletiva do Prêmio Marcos de Castro de Jornalismo Independente na Internet – 2018

Rosalind Russell como Hildy Johnson em “His girl friday” (“Jejum de amor”), 1940

 

Pensou que não tinha Prêmio Marcos de Castro e Troféu Elaine Rodrigues este ano? Nada disso. Terá sim, apenas, este ano, defini que teremos menos seletivas, pois me tornei ainda mais rigoroso e escolherei poucas matérias para cada rodada, e estas serão três no máximo (o processo valerá para o King of the Kings, que homenageia as maiores cascatas perpetradas pelos nossos jornalistas).

Antes de anunciar as concorrentes, porém, vamos às regras:

1. Você poderá votar em até 5 candidatas. As três não classificas, porém, voltam na próxima seletiva parta uma nova chance.

2. O prazo da eleição será de uma semana. Assim, a votação termina no dia 3 de junho.

E ainda dois pedidos: leia todas as matérias – vale a pena, eu garanto; e vote nas cinco candidatas a que tem direito, como forma de homenagear os jornalistas que tentam, contra muitos obstáculos, fazer um bom jornalismo. A gente se queixa da grande mídia – especialmente do Grupo Globo – e suas cascatas, mas não damos a mínima força para quem procura trabalhar com honestidade. Aí, não dá para reclamar, certo?

Enfim, vamos lá.

1. Operador de Aécio em Furnas abriu empresa em paraíso fiscal mesmo com Lava-Jato em andamento (Agência Sportlight).

2. Eletrobras contrata, sem licitação, agência de comunicação para falar mal de si mesma (Agência Sportlight)

3. Elza Berquo, a pioneira na pesquisa demográfica no Brasil (Revista da Fapesp)

4. Alunos negros enfrentam racismo de colegas e até professores em sala de aula (Ponte Jornalismo)

5. Governo de Pernambuco desmonta programa de sucesso contra violência e mortes crescem 75% em cinco anos (Ponte Jornalismo)

6. Salgueiro: cidade do Sertão de Pernambuco é o espelho de destruição de economia do país pelo golpe de 2016 (Marco Zero)

7. PM de Minas persegue, sequestra e tortura jovem apenas por que pode (Agência Pública)

8. Moça do asfalto sobre a Rocinha e aprende como é a vida em meio aos tiroteios (Colabora)

9. Como os planos de saúde, recordistas em reclamação, se tornaram tão poderosos (Agência Pública)

A volta do Mapa do Tesouro do bom jornalismo na internet

Não tem como errar.

Tirando os diretamente empregados nela, creio que poucos discordam que a grande mídia brasileira atualmente é de gato jogar terra em cima. Então como nos manter razoavelmente bem informados do que vai pelo país e pelo mundo? Há uns meses, fiz uma lista bem pessoal de diversos veículos que fornecem olhares diferentes sobre o mundo. As listas – foram duas – eram acompanhadas de comentários de três ou quatro linhas sobre assunto principal e a maneira como o trabalhava o site Dessa vez, não haverá comentários maiores, apenas uma indicação do tema principal. Mais uma coisa: se você conhecer algum veículo que considere bacana, envie-me, que vou dar uma olhada e, se gostar (sim, é discricionário mesmo), ponho na lista, ok?

Vamos lá então.

Feminismo

AZMina

Geledés: Com o viés de raça.

Gênero & Número: Com base em jornalismo de dados.

Mulheres 50+ : Dedicado às mulheres de mais de 50 anos.

Geral

Agência Pública: Jornalismo investigativo, com uma parte dedicada a meio ambiente e outra à checagem de dados, o Truco.

Agência Sportlight: Jornalismo investigativo.

Aos Fatos: Checagem de dados.

Farol Reportagem: Jornalismo voltado para Santa Catarina.

Marco Zero Conteúdo – Jornalismo voltado para Pernambuco, tem parceria com a Agência Pública no Truco, a parte de checagem de dados.

Meus Sertões: Foco na região semiárida do Nordeste, com concentração na Bahia.

My News: Canal no YouTube.

Nexo: Inclui jornalismo de dados, colunistas, podcast e clipping qualitativo enviado por e-mail.

Opera Mundi: Foco em notícias internacionais e sua análise.

TV dos Trabalhadores (TVT): Notícias e análise, com sinal aberto em São Paulo, por parabólica para todo o país e canal no YouTube.

Volt Data Lab: Jornalismo de dados.

 

Mídia

Farol do Jornalismo: Tendências e análise por e-mail semanal.

Observatório da Imprensa: Análise.

Objethos: Análise e teoria.

 

Política

Conexão Jornalismo: Notícias e análise.

Congresso em Foco: Notícias e análise.

Diário do Centro do Mundo: Clipping e análise.

Fórum – Notícias e análise.

GGN – Análise.

Os Divergentes: Análise.

Poder360: Notícias e análise.

Tijolaço: Análise.

 

Segurança Pública e Justiça

Consultor Jurídico: Notícias e análise.

Jota: Notícias e análise.

Justificando: Notícias e análise, com canal no YouTube.

Ponte Jornalismo: Notícias sobre segurança pública e direitos humanos.

 

Sustentabilidade

Projeto Colabora: Notícias e análise, com envio de clipping diário qualitativo sobre estes assuntos enviado por e-mail.

É hora dos bons! Escolha as melhores reportagens da internet brasileira em 2017!

Vai votar em quem?

 

Depois premiarmos a melhor da cascata do ano, no Prêmio King of the Kings, é a hora de reconhecermos as reportagens de alto nível publicadas na internet brasileira por sites independentes. A lista de concorrentes ao Prêmio Marcos de Castro-2018 é grande – 30 matérias – e, creio, que você não se dará ao trabalho de ler todos, embora se o fizer terá uma visão da brasileira que jamais verá na Rede Globo, na Folha ou na Veja. Assim, proponho que você leia aquelas matérias cujos títulos lhe chamarem mais a atenção e/ou aquelas cujos temas mais o/a atraiam.

Mas antes vamos às regras, como sempre:

  1. Você pode votar em até 15 (quinze) concorrentes.
  2. A votação termina domingo, 10 de março, para dar tempo bastante você ler o maior número de matérias.

Então, vamos às concorrentes:

  1. Vídeo mostra menino sendo arrastado por empregados do Habib’s antes de ser assassinado (Ponte Jornalismo).
  2. Governo reduz em 20% número de farmácias populares (Aos Fatos).
  3. Como Eduardo Cunha manda no governo Temer (Poder 360).
  4. Segurança privada ajudou Forças Armadas durante a ditadura (Agência Pública).
  5. Rei dos Ônibus ganha recebe benesses durante Jogos Olímpicos do Rio (Agência Sportlight).
  6. Site dá acesso aos processos da Lava-Jato (Jota).
  7. As estranhas condenações dos “terroristas” brasileiros (Agência Pública).
  8. É fácil fugir dos impostos no Brasil: basta fundar uma igreja igreja. (Nacionais.net).
  9. Censo de 1872: o retrato do Brasil da escravidão (Nexo).
  10. PM de SP assassina menor e revolta família (Ponte).
  11. Mato Grosso, a terra da chacina no campo (Nexo).
  12. “Malta files”: 148 brasileiros têm contas no paraíso fiscal do Mediterrâneo (Agência Sportlight).
  13. Dívida ativa de empresas atinge bilhões (Volt).
  14. Banalizada, senzala vira nome de restaurantes e casas de show (Colabora)
  15. Auditoria mostra que são mesmo os empresários de ônibus que mandam no transporte do Rio (Agência Pública)
  16. A origem da mentalidade autoritária da Lava-Jato (Brasil de Fato)
  17. Os sorteios do Supremo (Jornal GGN)
  18. As relações de Gilmar Mendes com o site Consultor Jurídico (Agência Pública)
  19. Domésticas filipinas são escravizadas em São Paulo (Repórter Brasil)
  20. A confraria do vinho que une Aécio a Cabral (Agência Sportlight)
  21. O Caso Rafael Braga (Justificando/Ponte Jornalismo)
  22. Os guarani-kaiowá estão morrendo de fome (Colabora).
  23. A corrupção na Ditadura Militar (Agência Pública)
  24. O martírio do reitor Luis Carlos Cancellier ((Sérgio Giron/Edike Carneiro))
  25. Empresas alemãs colaboraram com a Ditadura Militar (Opera Mundi)
  26. Crimes de ódio religioso são 90% das denúncias no Disque-Denúncia do Rio (Agência Pública)
  27. Prefeito lidera garimpeiros em ataque contra posto do Ibama no Amazonas (Altino Machado) 
  28. PM persegue negros na periferia de São Paulo (Agência Pública)
  29. A situação do consumo de maconha no Uruguai quatro anos após a liberação (Colabora)
  30. Documentário mostra ligação entre religião e territorialidade no Complexo do Alemão (Agência de Notícias das Favelas)

 

Agência Pública conquista Prêmio Elaine Rodrigues de melhor redação independente na internet

 

A Agência Pública conquistou o Troféu Elaine Rodrigues de 2017 de melhor redação independente na internet ao atingir sete matérias classificadas para a final do Prêmio Marcos. A conquista foi consolidada ao ter três reportagens classificadas na quarta seletiva para o Prêmio. Na segunda colocação do Troféu ficaram a Agência Sportlight, a Ponte Jornalismo e o Projeto Colabora, com três matérias cada. A colocação final do Troféu Elaine Rodrigues-2017 ficou assim:

1. Agência Pública: 7
2. Agência Sportlight, Ponte Jornalismo, Colabora: 3
3. Nexo: 2
4. AosFatos, Justificando, Jota, GGN, Repórter Brasil, Brasil de Fato, Nacionais.Net. Poder360, Volt, Opera Mundi, Agência de Notícias das Favelas, Sérgio Giron/Edike Carneiro e Altino Machado : 1

Já últimas as classificadas para a final do Prêmio Marcos de Castro – 2017, que ocorrerá na segunda quinzena do mês de fevereiro, foram:

1. A corrupção no período militar. (Agência Pública) (13 votos/12%)

2. O martírio do reitor Luis Carlos Cancellier (Sérgio Giron/Edike Carneiro) (12v/11%)

3. Livro denuncia colaboração de empresas alemãs com a ditadura militar (Opera Mundi) (11v/10%)

4. Crimes de ódio religioso são 90% das denúncias no Disque-Denúncia do Rio (Agência Pública) (10v/9%)

5. Prefeito lidera garimpeiros em ataque contOpra posto do Ibama no Amazonas (Altino Machado) (9v/8%)

6. PM persegue negros na periferia de São Paulo (Agência Pública) (9v/8%)

7. A situação do consumo de maconha no Uruguai quatro anos após a liberação (Colabora)
(9v/8%)

8. Documentário mostra ligação entre religião e territorialidade no Complexo do Alemão (Agência de Notícias das Favelas) (9v/8%)

O total de votos desta fase foi de 112.

Troféu Elaine Rodrigues-2017: defina quem levará o prêmio de melhor jornalismo na internet

 

Agora é a vez da ferradura. Depois de termos escolhido a redação mais cascateira de 2017, chegou a vez daquela que fez o melhor jornalismo na internet no ano passado, que fará jus ao primeiro Troféu Elaine Rodrigues. A escolha ocorrerá concomitantemente a da que apontará as últimas finalistas ao Prêmio Marcos de Castro, que também está em sua primeira edição e premiará aquela que foi a melhor matéria de 2017 publicada na internet.

Como sempre, vamos primeiro às regras:

1. Você pode votar em até sete concorrentes.

2. A votação termina domingo que vem (dia 28).

Vamos lá então.

Aplicativo ajuda a combater ataques aos terreiros no Rio (Ponte Jornalismo/Leonardo Coelho)

As empresas alemãs no Brasil são denunciadas em livro (Opera Mundi/Joana Monteleone e Lorena Alves) – Vídeo

Prefeito comanda ataque a posto do Ibama no Amazonas (Altino Machado) – Vídeo

Anita Prestes lança livro sobre a mãe, Olga Benário, baseado em arquivos da Gestapo (Colabora/Liana Melo)

Os santos perseguidos (Agência Pública/Gabriele Roza)

A corrupção no período militar (Agência Pública/Marina Amaral).

Angra e as praias privatizadas (Agência Pública/Rogério Daflon)

Enquadro – Como a PM de São Paulo aborda cidadãos na periferia (Agência Pública/José Cícero da Silva)

Os 300 da Serra do Tabuleiro – Os guaranis defendem suas terras em Santa Catarina  – (DCM/Renan Antunes)

“Em nome da inocência: Justiça” – o martírio do reitor Luiz Carlos Cancellier (Sérgio Giron/Edike Carneiro) – Vídeo

Pará é o recordista de  evasão escolar no 1º ano do Ensino Médio  (Colabora/Catarina Barbosa)

O consumo de maconha no Uruguai quatro anos após a liberação (Colabora/Júlio Lubianco)

Documentário conta história do Complexo do Alemão – (Agência de Notícias da Favela/Thaynara Santos ).

 

Digital News Report – 2017 (II): “Fake news” e confiança no consumo de notícias

Na segunda coluna sobre o Digital News Report-2017, o papo reto é sobre “notícias falsas”, as tristemente famosas fake news. Uma fama que vem embrulhada numa série de entendimentos pouco claros – afinal, o que são fake news? A esta pergunta direta, o DNR-2017 encontrou três respostas bem diferentes:

1. Matérias que não são reais, simplesmente inventadas com o objetivo de dar boa exposição a alguém ou alguma ideia, bem como, de outro lado, prejudicar uns e outras, em geral em troca de dinheiro;

2. Matérias que são reais, mas que são “editadas” de modo a apoiar pessoas ou ideias, podendo também ser ou não ser em troca de dinheiro;

3. Matérias que simplesmente discordam do que o leitor/telespectador/ouvinte discordam.

A pesquisa do Reuters Institute mostra que poucas pessoas são capazes de discernir com facilidade uma notícia falsa de uma verdadeira (com exceção dos EUA), mas demonstrando grande sensibilidade no que apontam como um viés da cobertura dos meios tradicionais. Assim, a pesquisa mostra que as pessoas procuram as notícias nesses meios e, portanto, o problema das fake news tem mais a ver com a desconfiança sobre a neutralidade dos meios do que as falsas notícias espalhadas pelas redes sociais.]

Numa visão por país, vemos que o brasileiro é o segundo povo que mais acredita na mídia tradicional, com 60% de confiança, atrás apenas da Finlândia (62%), superando por larga margem países como Alemanha (50%), Reino Unido (43%) e França (30%).

Isso pode ser explicado pela concentração da mídia em poucas mãos (do que falaremos na terceira coluna da série). Há que se observar também que este nível de confiança tem caído com o passar o tempo – há 12 anos, numa pesquisa nacional (certamente com metodologia diferente), a confiança era de 66%.

Boa parte da confiança que o público ainda destina aos meios tradicionais vem da percepção de que estes, apesar de suas possíveis falhas no quesito neutralidade, ainda são bem superiores às mídias sociais no que se refere ao trabalho de separar o que é fato do que é ficção.

A má notícia aí é que pouco mais de dois terços das 3 mil pessoas entrevistadas para outro estudo do Reuters Institute lembram por meio do que rede social ou máquina de busca encontraram determinada notícia, mas não de qual jornal, rádio ou TV que veiculou a matéria.

CONCLUSÕES

Os meios tradicionais estão perdendo credibilidade com o fenômeno das  fake news muito mais por seu suposto (ou não) viés político nas coberturas do que pelas falhas das redes sociais, das quais os leitores desconfiam quando se trata de se informar. A crença de que os meios tradicionais ainda são mais confiáveis, no entanto, não tem revertido para as suas marcas individuais. A reversão destes dois problemas – a percepção de que há vieses políticos nas coberturas e do aproveitamento, por meio das redes sociais, da confiança remanescente do público na qualidade de seu trabalho – são fundamentais para que os meios tradicionais consigam sobreviver ao terremoto provocado pela mudança nas formas de consumo da informação.