Vamos à 1ª seletiva do Prêmio Marcos de Castro de Jornalismo Independente na Internet – 2018

Rosalind Russell como Hildy Johnson em “His girl friday” (“Jejum de amor”), 1940

 

Pensou que não tinha Prêmio Marcos de Castro e Troféu Elaine Rodrigues este ano? Nada disso. Terá sim, apenas, este ano, defini que teremos menos seletivas, pois me tornei ainda mais rigoroso e escolherei poucas matérias para cada rodada, e estas serão três no máximo (o processo valerá para o King of the Kings, que homenageia as maiores cascatas perpetradas pelos nossos jornalistas).

Antes de anunciar as concorrentes, porém, vamos às regras:

1. Você poderá votar em até 5 candidatas. As três não classificas, porém, voltam na próxima seletiva parta uma nova chance.

2. O prazo da eleição será de uma semana. Assim, a votação termina no dia 3 de junho.

E ainda dois pedidos: leia todas as matérias – vale a pena, eu garanto; e vote nas cinco candidatas a que tem direito, como forma de homenagear os jornalistas que tentam, contra muitos obstáculos, fazer um bom jornalismo. A gente se queixa da grande mídia – especialmente do Grupo Globo – e suas cascatas, mas não damos a mínima força para quem procura trabalhar com honestidade. Aí, não dá para reclamar, certo?

Enfim, vamos lá.

1. Operador de Aécio em Furnas abriu empresa em paraíso fiscal mesmo com Lava-Jato em andamento (Agência Sportlight).

2. Eletrobras contrata, sem licitação, agência de comunicação para falar mal de si mesma (Agência Sportlight)

3. Elza Berquo, a pioneira na pesquisa demográfica no Brasil (Revista da Fapesp)

4. Alunos negros enfrentam racismo de colegas e até professores em sala de aula (Ponte Jornalismo)

5. Governo de Pernambuco desmonta programa de sucesso contra violência e mortes crescem 75% em cinco anos (Ponte Jornalismo)

6. Salgueiro: cidade do Sertão de Pernambuco é o espelho de destruição de economia do país pelo golpe de 2016 (Marco Zero)

7. PM de Minas persegue, sequestra e tortura jovem apenas por que pode (Agência Pública)

8. Moça do asfalto sobre a Rocinha e aprende como é a vida em meio aos tiroteios (Colabora)

9. Como os planos de saúde, recordistas em reclamação, se tornaram tão poderosos (Agência Pública)

A volta do Mapa do Tesouro do bom jornalismo na internet

Não tem como errar.

Tirando os diretamente empregados nela, creio que poucos discordam que a grande mídia brasileira atualmente é de gato jogar terra em cima. Então como nos manter razoavelmente bem informados do que vai pelo país e pelo mundo? Há uns meses, fiz uma lista bem pessoal de diversos veículos que fornecem olhares diferentes sobre o mundo. As listas – foram duas – eram acompanhadas de comentários de três ou quatro linhas sobre assunto principal e a maneira como o trabalhava o site Dessa vez, não haverá comentários maiores, apenas uma indicação do tema principal. Mais uma coisa: se você conhecer algum veículo que considere bacana, envie-me, que vou dar uma olhada e, se gostar (sim, é discricionário mesmo), ponho na lista, ok?

Vamos lá então.

Feminismo

AZMina

Geledés: Com o viés de raça.

Gênero & Número: Com base em jornalismo de dados.

Mulheres 50+ : Dedicado às mulheres de mais de 50 anos.

Geral

Agência Pública: Jornalismo investigativo, com uma parte dedicada a meio ambiente e outra à checagem de dados, o Truco.

Agência Sportlight: Jornalismo investigativo.

Aos Fatos: Checagem de dados.

Farol Reportagem: Jornalismo voltado para Santa Catarina.

Marco Zero Conteúdo – Jornalismo voltado para Pernambuco, tem parceria com a Agência Pública no Truco, a parte de checagem de dados.

Meus Sertões: Foco na região semiárida do Nordeste, com concentração na Bahia.

My News: Canal no YouTube.

Nexo: Inclui jornalismo de dados, colunistas, podcast e clipping qualitativo enviado por e-mail.

Opera Mundi: Foco em notícias internacionais e sua análise.

TV dos Trabalhadores (TVT): Notícias e análise, com sinal aberto em São Paulo, por parabólica para todo o país e canal no YouTube.

Volt Data Lab: Jornalismo de dados.

 

Mídia

Farol do Jornalismo: Tendências e análise por e-mail semanal.

Observatório da Imprensa: Análise.

Objethos: Análise e teoria.

 

Política

Conexão Jornalismo: Notícias e análise.

Congresso em Foco: Notícias e análise.

Diário do Centro do Mundo: Clipping e análise.

Fórum – Notícias e análise.

GGN – Análise.

Os Divergentes: Análise.

Poder360: Notícias e análise.

Tijolaço: Análise.

 

Segurança Pública e Justiça

Consultor Jurídico: Notícias e análise.

Jota: Notícias e análise.

Justificando: Notícias e análise, com canal no YouTube.

Ponte Jornalismo: Notícias sobre segurança pública e direitos humanos.

 

Sustentabilidade

Projeto Colabora: Notícias e análise, com envio de clipping diário qualitativo sobre estes assuntos enviado por e-mail.

É hora dos bons! Escolha as melhores reportagens da internet brasileira em 2017!

Vai votar em quem?

 

Depois premiarmos a melhor da cascata do ano, no Prêmio King of the Kings, é a hora de reconhecermos as reportagens de alto nível publicadas na internet brasileira por sites independentes. A lista de concorrentes ao Prêmio Marcos de Castro-2018 é grande – 30 matérias – e, creio, que você não se dará ao trabalho de ler todos, embora se o fizer terá uma visão da brasileira que jamais verá na Rede Globo, na Folha ou na Veja. Assim, proponho que você leia aquelas matérias cujos títulos lhe chamarem mais a atenção e/ou aquelas cujos temas mais o/a atraiam.

Mas antes vamos às regras, como sempre:

  1. Você pode votar em até 15 (quinze) concorrentes.
  2. A votação termina domingo, 10 de março, para dar tempo bastante você ler o maior número de matérias.

Então, vamos às concorrentes:

  1. Vídeo mostra menino sendo arrastado por empregados do Habib’s antes de ser assassinado (Ponte Jornalismo).
  2. Governo reduz em 20% número de farmácias populares (Aos Fatos).
  3. Como Eduardo Cunha manda no governo Temer (Poder 360).
  4. Segurança privada ajudou Forças Armadas durante a ditadura (Agência Pública).
  5. Rei dos Ônibus ganha recebe benesses durante Jogos Olímpicos do Rio (Agência Sportlight).
  6. Site dá acesso aos processos da Lava-Jato (Jota).
  7. As estranhas condenações dos “terroristas” brasileiros (Agência Pública).
  8. É fácil fugir dos impostos no Brasil: basta fundar uma igreja igreja. (Nacionais.net).
  9. Censo de 1872: o retrato do Brasil da escravidão (Nexo).
  10. PM de SP assassina menor e revolta família (Ponte).
  11. Mato Grosso, a terra da chacina no campo (Nexo).
  12. “Malta files”: 148 brasileiros têm contas no paraíso fiscal do Mediterrâneo (Agência Sportlight).
  13. Dívida ativa de empresas atinge bilhões (Volt).
  14. Banalizada, senzala vira nome de restaurantes e casas de show (Colabora)
  15. Auditoria mostra que são mesmo os empresários de ônibus que mandam no transporte do Rio (Agência Pública)
  16. A origem da mentalidade autoritária da Lava-Jato (Brasil de Fato)
  17. Os sorteios do Supremo (Jornal GGN)
  18. As relações de Gilmar Mendes com o site Consultor Jurídico (Agência Pública)
  19. Domésticas filipinas são escravizadas em São Paulo (Repórter Brasil)
  20. A confraria do vinho que une Aécio a Cabral (Agência Sportlight)
  21. O Caso Rafael Braga (Justificando/Ponte Jornalismo)
  22. Os guarani-kaiowá estão morrendo de fome (Colabora).
  23. A corrupção na Ditadura Militar (Agência Pública)
  24. O martírio do reitor Luis Carlos Cancellier ((Sérgio Giron/Edike Carneiro))
  25. Empresas alemãs colaboraram com a Ditadura Militar (Opera Mundi)
  26. Crimes de ódio religioso são 90% das denúncias no Disque-Denúncia do Rio (Agência Pública)
  27. Prefeito lidera garimpeiros em ataque contra posto do Ibama no Amazonas (Altino Machado) 
  28. PM persegue negros na periferia de São Paulo (Agência Pública)
  29. A situação do consumo de maconha no Uruguai quatro anos após a liberação (Colabora)
  30. Documentário mostra ligação entre religião e territorialidade no Complexo do Alemão (Agência de Notícias das Favelas)

 

Agência Pública conquista Prêmio Elaine Rodrigues de melhor redação independente na internet

 

A Agência Pública conquistou o Troféu Elaine Rodrigues de 2017 de melhor redação independente na internet ao atingir sete matérias classificadas para a final do Prêmio Marcos. A conquista foi consolidada ao ter três reportagens classificadas na quarta seletiva para o Prêmio. Na segunda colocação do Troféu ficaram a Agência Sportlight, a Ponte Jornalismo e o Projeto Colabora, com três matérias cada. A colocação final do Troféu Elaine Rodrigues-2017 ficou assim:

1. Agência Pública: 7
2. Agência Sportlight, Ponte Jornalismo, Colabora: 3
3. Nexo: 2
4. AosFatos, Justificando, Jota, GGN, Repórter Brasil, Brasil de Fato, Nacionais.Net. Poder360, Volt, Opera Mundi, Agência de Notícias das Favelas, Sérgio Giron/Edike Carneiro e Altino Machado : 1

Já últimas as classificadas para a final do Prêmio Marcos de Castro – 2017, que ocorrerá na segunda quinzena do mês de fevereiro, foram:

1. A corrupção no período militar. (Agência Pública) (13 votos/12%)

2. O martírio do reitor Luis Carlos Cancellier (Sérgio Giron/Edike Carneiro) (12v/11%)

3. Livro denuncia colaboração de empresas alemãs com a ditadura militar (Opera Mundi) (11v/10%)

4. Crimes de ódio religioso são 90% das denúncias no Disque-Denúncia do Rio (Agência Pública) (10v/9%)

5. Prefeito lidera garimpeiros em ataque contOpra posto do Ibama no Amazonas (Altino Machado) (9v/8%)

6. PM persegue negros na periferia de São Paulo (Agência Pública) (9v/8%)

7. A situação do consumo de maconha no Uruguai quatro anos após a liberação (Colabora)
(9v/8%)

8. Documentário mostra ligação entre religião e territorialidade no Complexo do Alemão (Agência de Notícias das Favelas) (9v/8%)

O total de votos desta fase foi de 112.

Troféu Elaine Rodrigues-2017: defina quem levará o prêmio de melhor jornalismo na internet

 

Agora é a vez da ferradura. Depois de termos escolhido a redação mais cascateira de 2017, chegou a vez daquela que fez o melhor jornalismo na internet no ano passado, que fará jus ao primeiro Troféu Elaine Rodrigues. A escolha ocorrerá concomitantemente a da que apontará as últimas finalistas ao Prêmio Marcos de Castro, que também está em sua primeira edição e premiará aquela que foi a melhor matéria de 2017 publicada na internet.

Como sempre, vamos primeiro às regras:

1. Você pode votar em até sete concorrentes.

2. A votação termina domingo que vem (dia 28).

Vamos lá então.

Aplicativo ajuda a combater ataques aos terreiros no Rio (Ponte Jornalismo/Leonardo Coelho)

As empresas alemãs no Brasil são denunciadas em livro (Opera Mundi/Joana Monteleone e Lorena Alves) – Vídeo

Prefeito comanda ataque a posto do Ibama no Amazonas (Altino Machado) – Vídeo

Anita Prestes lança livro sobre a mãe, Olga Benário, baseado em arquivos da Gestapo (Colabora/Liana Melo)

Os santos perseguidos (Agência Pública/Gabriele Roza)

A corrupção no período militar (Agência Pública/Marina Amaral).

Angra e as praias privatizadas (Agência Pública/Rogério Daflon)

Enquadro – Como a PM de São Paulo aborda cidadãos na periferia (Agência Pública/José Cícero da Silva)

Os 300 da Serra do Tabuleiro – Os guaranis defendem suas terras em Santa Catarina  – (DCM/Renan Antunes)

“Em nome da inocência: Justiça” – o martírio do reitor Luiz Carlos Cancellier (Sérgio Giron/Edike Carneiro) – Vídeo

Pará é o recordista de  evasão escolar no 1º ano do Ensino Médio  (Colabora/Catarina Barbosa)

O consumo de maconha no Uruguai quatro anos após a liberação (Colabora/Júlio Lubianco)

Documentário conta história do Complexo do Alemão – (Agência de Notícias da Favela/Thaynara Santos ).

 

Agência Pública vence 3ª seletiva do Prêmio Marcos de Castro e assume liderança do Troféu Elaine Rodrigues

 

Após duas semanas e 133 votos, aqui estão as oito novas concorrentes ao Prêmio Marcos de Castro de Jornalismo na Internet.

  1. Auditoria mostra que são mesmo os empresários de ônibus que mandam no transporte do Rio (Agência Pública): 17 votos (13%)
  2. A origem da mentalidade autoritária da Lava-Jato (Brasil de Fato)
  3. Os sorteios do Supremo (Jornal GGN)
  4. As relações de Gilmar Mendes com o site Consultor Jurídico (Agência Pública)
  5. Domésticas filipinas são escravizadas em São Paulo (Repórter Brasil)
  6. A confraria do vinho que une Aécio a Cabral (Agência Sportlight)
  7. O Caso Rafael Braga (Justificando/Ponte Jornalismo)
  8. Os guarani-kaiowá estão morrendo de fome (Colabora)

As três matérias seguintes voltarão para repescagem da última seletiva:

Indígenas denunciam assédio sexual no SUS (AzMina)
Como é produzida a maconha consumida no Brasil (Agência Pública)
Comandante da Guarda Municipal de São Paulo defende jogar bomba em manifestantes (Jornalistas Livres)

O resultado da terceira seletiva do Prêmio Marcos de Castro também pôs a Agência Pública na liderança do Troféu Elaine Rodrigues, com quatro matérias finalistas, uma a mais do que a Agência Sportlight e a Ponte Jornalismo (que teve uma indicação dividida com o Justificando). A colocação está assim:

1. Agência Pública: 4
2. Agência Sportlight e Ponte Jornalismo: 3
3. Nexo e Colabora: 2
4. AosFatos, Justificando, Jota, GGN, Repórter Brasil, Brasil de Fato, Nacionais.Net, Poder360 e Volt: 1

Agora, na semana que vem, vamos ao prêmio oposto ao Marcos de Castro – o tradicional King of the Kings de maior cascata do ano. Até lá.

Terceira seletiva do Prêmio Marcos de Castro de Bom Jornalismo na Internet

As notícias sobre nossas mortes foram muito exageradas

Não vou nem me dar ao trabalho de negar. Sim, ficar atento e escolher as matérias para concorrer ao Prêmio Marcos de Castro de Bom Jornalismo na Internet está me dando prazer, ao contrário do que acontece com aquelas que disputam o King of the Kings, que elege as maiores cascatas do ano. É bem explicável isso, creio – prefiro, como a maior parte das pessoas, o que é bom ao que é ruim. Assim, foi muito legal, mais uma vez, garimpar as 15 matérias para participar da terceira seletiva visando a final de janeiro de 2018.

Antes de passar a elas, vamos às regras:

1. Você pode votar em 8 concorrentes.

2. Das sete não classificadas, quatro (do 9º ao 12º lugar) voltam para a quarta e última seletiva.

3. A votação vai até 29 de outubro. O prazo é de duas semanas, uma a mais do que normal, para que você tenha tempo de ler as matérias e votar conscientemente. Por favor, leia todas. Você não se arrependerá – vai gostar tanto quanto eu de lê-las.

Às concorrentes agora:

Alunos elegem “vadia da semana” e fazem bullying via whatzap (AzMina)

O capitão comunista da PM (Socialista Morena)

A confraria do vinho que une Aécio a Cabral (Agência Sportlight)

Indígenas denunciam assédio sexual no SUS (AzMina)

O Caso Rafael Braga (Justificando/Ponte Jornalismo)

Domésticas filipinas são escravizadas em São Paulo (Repórter Brasil)

Bala perdida (Agência Pública)

Os sorteios do Supremo (Jornal GGN)

Janot recebe aluguel com auxílio-moradia que ajudou a conceder (Poder360)

A origem da mentalidade autoritária da Lava-Jato (Brasil de Fato)

Como é produzida no Paraguai a maconha fumada no Brasil (Agência Pública)

Os guarani-kaiowá estão morrendo de fome (Colabora)

Comandante da Guarda Municipal de São Paulo libera uso de bombas contra manifestantes (Jornalistas Livres)

Auditoria mostra que são mesmo os empresários de ônibus que mandam no transporte do Rio (Agência Pública)

As relações de Gilmar Mendes com o site Consultor Jurídico (Agência Pública)

O Troféu Elaine Rodrigues

O Prêmio Marcos de Castro para Boas Reportagens na Internet é o contraponto ao King of the Kings, que reconhece quem esculhamba o jornalismo brasileiro, cascateando em cima do leitor. Para o Troféu Boimate, que premia a redação mais cascateira, porém, ainda não havia um oposto. Por sanar esse problema, agora que o PMC chega a sua segunda seletiva, lanço o Troféu Elaine Rodrigues. O Prêmio Marcos de Castro para Boas Reportagens na Internet é o contraponto ao King of the Kings, que reconhece quem esculhamba o jornalismo brasileiro, cascateando em cima do leitor. Para o Troféu Boimate, que premia a redação mais cascateira, porém, ainda não havia um oposto. Por sanar esse problema, agora que o PMC chega a sua segunda seletiva, lanço o Troféu Elaine Rodrigues.

Conheci Elaine na Comunicação da UFF, onde chegara dois anos antes de mim, que lá aportara em 1980.  Apesar das discordâncias políticas significativas (ela era do MR-8, quem viveu aquela época sabe o que significava), fiquei encantado com a inteligência e clareza de raciocínio e exposição dela. Tivemos pouco contato na época, pois ela logo começou a trabalhar em jornalismo, acumulando com outros afazeres profissionais.

Alguns anos depois, calhou de sermos eleitos para a diretoria do Sindicato dos Jornalistas, onde, novamente, encantei-me com sua inteligência e tranquilidade (e também com a habilidade de datilografar velozmente sem olhar para o teclado). Já nessa época, nossas posições políticas estavam mais próximas (acontece muito, jovens), mas, infelizmente, bem distantes da maior parte da diretoria da entidade e acabamos expulsos dela. Mais um tempo de separação até que nos encontramos pela última vez no Globo, eu como pauteiro, ela como repórter da área de saúde (e, se não me falha a memória já idosa, de educação). Neste momento, a minha admiração cresceu de maneira exponencial. Pude testemunhar as várias madrugadas que ela passou lendo os Diários Oficiais do Estado e do Município para buscar pautas (“é aqui que saem as sacanagens”, costumava dizer), que, generosamente como sempre, me passava.

A última vez que a vi foi alguns meses antes de ela falecer de um câncer na mama de origem genética (a mãe e avó morreram do mesmo mal), num encontro casual na Rua do Ouvidor.  Estava com minha companheira na época, que testemunhou os pouco mais de cinco minutos de conversa (sobre um escândalo na área de saúde, não me lembro mais qual). Nos despedimos e não tínhamos andado nem dez passos quando minha companheira, mulher de grande Inteligência e perspicácia, comentou: “Ivson, que mulher inteligente!”.

Sim, era. Mas não só e nem principalmente. Para mim, ficou, mais até do que a inteligência pela qual aprendi a admirá-la, o exemplo de coragem e generosidade. Por essa admiração totalmente pessoal, faço essa modesta homenagem. Bem, vamos ao resultado da segunda seletiva do PMC e as primeira parcial do Troféu Elaine Rodrigues.

1. As estranhas condenações dos “terroristas” brasileiros (Agência Pública): 16 votos (14% do total de 113 votos).
2. Fuja dos impostos no Brasil: funde uma igreja (Nacionais.Net): 13 (12%).
3. Censo de 1872: o retrato do Brasil da escravidão (Nexo): 12 (11%).
4. PM assassina menor e revolta família (Ponte): 11 (10%).
5. Mato Grosso, a terra da chacina no campo (Nexo) : 10 (9%).
6. “Malta files”: 148 brasileiros têm contas no paraíso fiscal do Mediterrâneo (Agência Sportlight): 10 (9%).
7. Dívida ativa de empresas atinge bilhões (Volt): 8 (7%).
8. Banalizada, senzala vira nome de restaurantes e casas de show (Colabora): 8 (7%).

Apenas sete concorrentes deveriam ser classificadas, mas como houve empate na sétima colocação, entram as duas. As classificadas em 8º, 9º e 10º lugares voltam na próxima seletiva.

Agora, a classificação no Troféu Elaine Rodrigues, após as duas primeiras rodadas:

1. Ponte Jornalismo, Agência Pública, Agência Sportlight e Nexo: 2
2. Poder360, Jota, AosFatos, Nacionais.Net, Volt e Colabora.

Mapa do tesouro: onde encontrar jornalismo de qualidade na internet

A Infoglobo mandou mais 30 embora na outra semana e passou os jornalistas que sobraram para nova redação, no prédio erguido na Marques de Pombal, fruto de uma operação pra lá de estranha e que deu até em demissão de poderoso. A medida de economia – por que se tratou disso, certo? – foi disfarçada pela desculpa de transformar a cultura do jornal de impresso para o “digital first”, um santo graal que nem jornais mais ricos e com direção bem mais competente, como NYT, Washington Post, The Guardian ou El País, alcançaram.

Como o desenvolvimento previsível da ação é uma queda ainda maior da qualidade do produto, os cidadãos terão que se virar sozinhos para ter acesso a jornalismo de qualidade – não apenas “conteúdo” supostamente do mesmo quilate. Aí bate a perplexidade: onde um jornalismo assim pode ser encontrado? Bom lugar para você começar é este levantamento divulgado em meados do ano passado pela Agência Pública e que continua sendo incrementado com a ajuda dos internautas. Quem quiser ir além, pode consultar este estudo oriundo do México, também de 2016, com indicações de toda a América Latina.

Esses dois estudos já bastam, mas como sou gato-mestre (jornalista sempre é, não tem jeito), ponho aqui uma listinha própria, que comecei a publicar na página da Coleguinhas na plataforma do Zuck. Não é exaustiva e tive como outro critério de escolha, além do que considero qualidade jornalística (que pode ser muito diferente do que você considera), a ausência de militância política explícita. Assim, veículos que admiro, acompanho e com os quais até contribuo, como Conexão Jornalismo, Tijolaço, GGN, Outras Palavras, Diário do Centro do Mundo, Sul21 e outros, ficaram de fora. Ok? Vamos lá:

Agência Pública: É dos poucos que não tem problemas de grana (um de seus financiadores é a Open Society, de George Soros). Mantém gente boa no seu conselho consultivo, como Ricardo Kotscho e Leonardo Sakamoto, mas quase fica de fora da lista pela mania, típica da mídia corporativa, de ouvir só um lado em alguns temas – na série “Amazônia em Disputa” (financiada pela norte-americana Climate and Land Use Alliance, mantida pelas fundações Ford, Packard (HP), Moore (Intel) e Cargill) só foi enfocado quem era contra hidrelétrica, por exemplo. No entanto, do jeito que anda o jornalismo no Brasil, e como eles só vacilam mesmo no tema meio ambiente, botei na listinha.

Agência Sportlight: É a caçula da lista, tendo começado há dois meses, e também um prodígio – a segunda matéria publicada (sobre o estranho crescimento da rede de restaurante Riba) já virou destaque na Veja-Rio. É tocada por Lúcio de Castro, um repórter multipremiado, e filho (aqui vai a primeira de uma série de avisos ao leitores sobre minhas ligações pessoais) do imenso, magnífico, Marcos de Castro. Ele foi um dos mais brilhantes jornalistas com que convivi. Por uns 15 dias, no Globo, tentou me ensinar a ser um bom redator – não conseguiu, evidentemente, mas não por culpa dele – e, anos depois, em protesto contra uma demissão injusta minha pela qual se sentiu responsável (não era), pediu demissão do JB em solidariedade.

Aos Fatos: Tendo como diretora de jornalismo a vascaína fanática Tai Nalon, o AF assume o estilo zagueiro-zagueiro do Odvan: checa as afirmações dos políticos, confrontando-as com dados públicos e atribui-lhes um selo: verdadeira, imprecisa, exagerada, falsa ou insustentável. Sem firula. O AF faz parte do International Fact-Checking Network (IFCN), que, como o nome diz, é uma rede internacional de checadores, aquela que foi chamada pelo Facebook para combater as notícias falsas. Bruzundanga-Bananão é representado no consórcio também pela Agência Lupa e a já citada Agência Pública.

AZMina – Sabe a doçura feminina? Não passou nem no bairro aqui. É a revista eletrônica de um projeto educacional voltado para conscientização, empoderamento (ok, também não gosto da palavra, mas o conceito é meio novo, daqui a pouco a gente acostuma), defesa e auxílio das mulheres. É extremamente focado o que faz a publicação ser muito consistente, apesar da multiplicidade e diversidade das colaboradoras.

Gênero & Número: As questões de gênero e o jornalismo de dados se encontraram, deram aquela mirada, se aproximaram e, de repente, apareceu este bebê. O G&N ainda está engatinhando, mas já virou xodó do Vovô Iv, ao ser tão promissor e necessário por enfocar o universo feminino e de outros gêneros partindo de dados.

Marco Zero Conteúdo – Os conterrâneos não negam a raça – vão direto ao ponto: “Para manter a independência, não recebemos patrocínios de governos, empresas públicas ou privadas. Por isso, precisamos da doação das pessoas que acham importante para a sociedade e para a democracia a existência de um jornalismo que investigue as questões com profundidade, qualidade e independência”. Tem parceria com a Agência Pública no Truco, a checagem de dados de declarações de políticos, mas voltado só para Pernambuco.

Meus Sertões: Mais Nordeste, dessa vez no semiárido. A ideia é “descobrir e contar histórias relacionadas às 1.133 cidades do semiárido brasileiro”, pois a região “apesar de sua diversidade, costuma ser retratada de forma preconceituosa pelos meios de comunicação, com ênfase na seca e tragédia. Nossa proposta é mostrar todos os aspectos da vida sertaneja, debater questões cruciais e promover a cultura da região”. Novo aviso: sou suspeito – o criador do site, Paulo Oliveira, é amigo de mais de 30 anos e um dos jornalistas que mais admiro.

Mulheres 50+ : AzMina é bacana, mas, como elas mesmo apregoam, se dirige às moças até 40 anos (provavelmente porque todas as suas mantenedoras têm menos do que essa idade). Só que, obviamente, a vida das mulheres (e nossa também, embora ninguém tenha me perguntado a respeito) não acaba aos 40 – alguns dizem mesmo que começa exatamente nessa idade, mas aí é exagero. Mulheres 50+ cobre a lacuna com competência e sensibilidade. Outro aviso: sou muito suspeito com esse aqui também – das sete mantenedoras do site, tive a imensa honra de trabalhar com seis, sendo fã de todas.

Nexo: É um dos meninos grandes da vizinhança, junto com a Agência Pública, mas, diferente desta, não especifica de onde vem a grana (desculpe, mas não dá para manter aquela estrutura de pessoal, administração e tecnologia na base do pinga-pinga de assinatura). Apresenta um conteúdo bem acima da média não só dos independentes como até mesmo da maioria dos jornalões, mas me chateia em dois pontos, que são interligados: a arrogância típica dos paulistas da USP e da Poli, na linguagem e abordagem dos temas, e a mania de tacar gráficos cheios de bossa na cara dos leitores sem contextualização, de uma maneira que só gente com alguma base de estatística consegue ler (e com dificuldade, às vezes).

Projeto Colabora: Também sou meio suspeito pra falar desse aqui por ser amigo de metade da direção e conhecer a outra metade, sem falar de um monte de colaboradores (há um monte muito maior). O foco é em sustentabilidade e inclusão social, mas faz incursões por outras áreas bacanas, sempre “com um olhar + criativo, tolerante e generoso”.

Como avisei antes – e dá para notar pelo número de suspeições -, é uma lista bem pessoal. Dou força para que você faça a sua, partindo ou não desta lista ou das publicadas pela Agência Pública e pela mexicana Factual. Com um pouco de paciência, ao fim do processo, você terá acesso a um conteúdo jornalístico de qualidade e sob medida, pelo qual poderá pagar sem se arrepender (Ei! Jornalista tem supermercado e condomínio para pagar também, amigo/a!).

FÉRIAS!
Após quase 21 anos, resolvi dar férias da Coleguinhas para vocês. Ao longo destes anos, sempre arranjei uma maneira de publicar algo aos domingos, estivesse em Londres, Curitiba, Istambul, Recife, Santorini ou São Miguel do Gostoso. Dessa vez, porém, resolvi parar mesmo e só retornar em março, após o Carnaval. Então, fique na paz e até a volta!

Vamos falar de financiamento ao bom jornalismo?

Me dá uma mão?

Me dá uma mãozinha?

 

Vou dar uma paradinha na análise dos dados da pesquisa da FSB sobre o consumo de mídia dos deputados federais para falar sobre um assunto que tem me incomodado nas últimas semanas: como financiar o bom jornalismo.

Não creio que haja mais dúvidas sérias de que a chamada mídia corporativa no Brasil chegou a um estado tal que só resta botar os gatos para jogar terra em cima e esquecer. Simplesmente não quer acompanhar o que se passa no país no momento em que ele caminha, decidido, para o brejo. E não quer por ter vendido seu negócio por um punhado de reais a mais do governo golpista, como fez a Folha (mas não só ela). Acabou como fonte confiável para o cidadão. Foi.

Há muita gente boa que acredita que esse fato não é problema delas – “Posso viver sem jornalismo. Não muda nada na minha vida”, pensam. No entanto, a não ser que se resida num atol do Oceano Pacífico, numa escarpa entre o Butão e o Nepal, numa brenha da Amazônia ou em algum ermo semelhante, infelizmente essa independência é impossível (ao menos, indesejável). Habitando em qualquer lugar influenciado diretamente pelo que hoje entendemos por civilização é fundamental – só para ficar em dois exemplos -, ter acesso a matérias como essa para ter uma ideia do que pode acontecer com seu emprego e o que fazer com suas economias para a aposentadoria, ou essa, para estar atento ao que pensa a geração de seus filhos.

Só que é aquela coisa – não há almoço grátis, como dizia o zura do tio Milton. E nem bom jornalismo, acrescento eu. Dessa forma, temos de meter a mão no buraco do pano se quisermos ter alguém apurando matérias que nos façam pensar, ter uma visão multifacetada da realidade e nos ajude a descobrir o sentido possível num mundo cuja normalidade é o caos. Ok, está ruim para todo mundo, estou sabendo. Mas há maneiras de ajudar ainda assim, creio. Sem pretensão de apresentar uma resposta (o que, no meu caso, marrento que sou, é algo incrivelmente raro), dou meu exemplo de como lido com a situação.

Como não sou exatamente um cara que nada em dinheiro, estabeleci um teto anual, para 2016, de R$ 120,00 para minhas contribuições para cada veículo. É pouquinho, 10 “real” por mês para cada um, por que resolvi pulverizar a contribuições (você pode concentrá-las), contando que, além das assinaturas, os veículos arranjem outras formas de se manter (campanhas de crowdfunding especiais, patrocínios, investimentos de agências internacionais e até mesmo publicidade selecionada). Acredito que as contribuições podem dar um suporte mínimo, pagar uns 50% das contas (incluindo salários razoáveis), e não resolver o problema de sustentabilidade por si sós.

Na prática? Bem, a lista dos veículos dos quais sou assinante atualmente: AzMina, #Colabora, GGN, Nexo e Outras Palavras. Participei ainda de projetos de crowdfunding (aí com contribuições bem variáveis) de: Agência Pública, DCM, Farol do Jornalismo (newsletter semanal) e Observatório da Imprensa. Como dá pra ver, não sou o Pierre Omidyar e não vou construir nenhuma First Look Media, tento fazendo um favor a mim mesmo ao procurar manter o que resta de bom jornalismo aqui no Bananão. Humildemente, sugiro que você pense a respeito de fazer o mesmo.

P.S.: Segue os links, tá?