Pesquisa Brasileira de Mídia 2016 (VI): internet, crescimento e falta de credibilidade

Não chega a ser uma surpresa a constatação da Pesquisa Brasileira de Mídia – 2016 de que a internet é o segundo meio mais usado para acesso à informação pelos brasileiros. Este fato não quer dizer que a Grande Rede faça a cabeça dos nossos conterrâneos. Apesar de acessá-la muito, não confiamos nas informações que trafegam por elas. Estas e outras informações estão nesta última numeralha proveniente da PBM-2016.

(Antes de começar, uma notinha metodológica: o número de entrevistas levadas em conta quando se trata apenas de internet é 9307 entre 15.050 entrevistados).

Existindo há relativamente pouco tempo – lembremos que o acesso público começou no país há apenas 23 anos – a internet tornou-se o segundo meio de acesso à informação dos brasileiros, sendo o principal para um em cada quatro e “pièce de resistance” de quase metade.

Sob o ângulo da confiança depositada nas informações que circulam no meio, porém, a internet dificilmente poderia estar em pior situação. Conforme se vê na tabela abaixo, menos de duas pessoas em cada 10 acreditam (“confia” e “confia quase sempre”) no que leem, veem ou ouvem na Rede.

 

Como a internet é composta de diferentes tipos de apresentação das informações, a PBM-2016 dividiu em três principais tipos a maneira como elas aparecem aos internautas: em sites noticiosos, blogs e redes sociais. Os primeiros são os que mais têm a confiança, com dois em cada 10 dos que confiam na internet como fonte de informação (como vimos que apenas 15% acreditam no meio, temos que apenas 3% das pessoas do total geral creem nas informações que leem em sites).

 

Os brasileiros costumam, em esmagadora maioria, acessar informação pela internet de casa.

 

Mesmo em casa, porém, o acesso principal é realizado por celulares – e, se contarmos os tablets, três em cada quatro brasileiros que acessam informação pela internet o fazem por meio de aparelhos móveis.

 

ANÁLISE

1. O problema básico da internet como mídia é sua baixíssima credibilidade. Sem ela, fica complicado firmar marcas e, consequentemente, acessar o mercado publicitário ou mesmo diretamente o consumidor de informação, via financiamento direto, que, aliás, só funciona (mais ou menos) para pequenas operações, não para as grandes, como as dos veículos de mídia tradicional.

2. Um ponto que vai contra a credibilidade da internet como meio pode ser a mistura de informação sobre “assuntos sérios” (economia, política) e de “frivolidades” (celebridades, gastronomia, moda). Uma pesquisa procurando enfocar esse aspecto seria bem-vinda.

3. Obviamente, o enfoque, às vezes excessivo, dado às “informações falsas” (“fake news”) espalhadas pela Rede também não ajuda a aumentar a credibilidade dela como meio informativo. Em compensação, essa mesma falta de credibilidade acaba por relativizar muito o alarme em torno das “fake news” e mesmo do poder influenciador da internet.

4. No bloco “redes sociais”, não há especificação de que tipo de redes se fala. Para uma melhor especificação, seria importante saber se são tipo “um para muitos” (Facebook e Twitter por exemplo), “um para um” (Whats up, Telegram), motor de buscas (Google) ou imagens (Instagram, Snapchat, Vero…). Essa questão é importante pois existem pesquisas detectando que as aplicações de informação instantânea estão ganhando força como meio difusor de informações.

5. Não deixa de ser surpreendente o predomínio esmagador do acesso em casa, em relação ao trabalho. Esse resultado pode estar impactado pelo entendimento, por parte das pessoas, que serviços de mensagem instantânea, como Whats up, não são rede social. Daí a importância da especificação falado no item acima.

6. O que não surpreendeu foi o domínio total do acesso por veículos móveis, especialmente celulares – estes aparelhos são responsáveis por 94% do acesso à internet, número semelhante àquele sobre os brasileiros que acessam informação por celulares, segundo a PBM-2016 (93%), o que deve ter resultado no avanço dos apps de mensagem instantânea como fonte de informação.

2 comentários sobre “Pesquisa Brasileira de Mídia 2016 (VI): internet, crescimento e falta de credibilidade

  1. Não encontro informações sobre as condições de realização da pesquisa…

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