Nojeeeento!

A matéria assinada por Graça Magalhães-Ruether, correspondente do Globo em Berlim, publicada de hoje, sobre a vitória do partido Ennahda nas eleições na Tunísia, é dos textos mais nojentos dos últimos tempos editados pela imprensa brasileira – já notável pelo seu baixo nível. É um amontoado de preconceitos, informações distorcidas e meias-verdades de fazer  inveja a qualquer jornal oficial de ditadura. O box, então, é de lascar, digno do pior do pior já escrito por representantes da elite brasileira mais boçal. Veja um trecho abaixo.

Assim, ficamos sabendo que qualquer um que queira resgatar dívidas sociais e dar melhor qualidade de vida a maior parte da população é populista e que só quem sabe votar é que tem cultura (que cultura é essa e quem a produz não é dito). Um primor, não é?

O Globo, sabemos, não tem jeito – publica matérias desse tipo há quase 90 anos e não vai mudar. Porém, pollyanamente, ainda tenho esperança para Graça. Ela poderia começar lendo “A Casa da Sabedoria”, de Jonathan Lyons, que narra como as bases daquilo que, orgulhosamente, chamamos de ciência ocidental foi gerado, durante a Idade Média européia, pelos árabes, que também serviram de ponte para o conhecimento produzido por persas, indianos e chineses.

Mas como Graça já está há tempo demais convivendo com a cultura européia, talvez precise passar por reciclagem mais profunda, aqui no Brasil, de preferência na Bahia. Lá, poderia tomar umas aulas sobre a Revolta dos Malês e, de repente, descolar uma vaguinha nos Filhos de Gandhi.