Promessa é dívida: a circulação de Veja, Época e IstoÉ

Demorou, mas um dos Honoráveis Conselheiros conseguiu obter dados sobre a circulação das principais revistas brasileiras. Por sua persistência , fico muito grato (e, acho, você deveria ficar também), gratidão essa que estende-se aos outros HCs, que, apesar dos ingentes esforços, não obtiveram os dados.

Os números obtidos pelo HC terminam em outubro deste ano, mas isso é de somenos, já que eles abrangem 36 meses, como nos casos dos jornais, o que dá e sobre para vermos as tendências. Para aqueles que se interessam por assinatura digitais, os números trazem uma informação fundamental : em se tratando de revistas, elas simplesmente não existem. Isso mesmo: são zero. A Veja ainda teve algumas – o recorde foi 130 -, mas hoje tem zero, como Época e IstoÉ.

Então vamos lá:

VEJA

veja
Vem conseguindo, a duras penas, manter a circulação acima de 1 milhão – em novembro de 2010, tinha 1.098.732; em outubro passado, eram 1.065.198, queda de 3%. O problema será se essa queda se mantiver – com menos de um milhão de assinantes, começará a ter alguma dificuldade de manter a grande quantidade de anúncios que a sustenta. E a queda, como atesta o gráfico, tem sido constante.
ÉPOCA
epoca
Ao contrário da Veja, subiu sua venda tem recuperado – em outubro, teve a circulação mensal média de 405.007, pouco acima dos 404.800 de novembro de 2010. O gráfico traz a boa notícia: após 28 meses (de julho de 2011 a setembro passado) com circulação abaixo de 400 mil, a recuperação tem sido forte, vamos ver se vai manter-se assim e por quanto tempo.
ISTO É
istoe
Também ensaia uma recuperação, após momento complicado, entre maio e julho de 2012 (quando a circulação caiu a menos de 310 mil exemplares). No entanto, ela não tem se mostrado firme. Em outubro, apresentou circulação de 326.323, inferior 0,95% aos 329.471 de novembro de 2010.

ANÁLISE

Os gráficos mostram que a Veja tem um problema. Apesar de apresentar, em outubro último, uma circulação 45% maior do que as outras duas semanais de informação somadas, a revista dos Civita tem apresentado uma queda constante, ao ritmo de 1%, na média. A continuar nesse ritmo, é bem possível que, em cinco anos, a Veja tenha menos de um milhão exemplares de circulação média mensal.

A situação da Veja pode se tornar ainda pior se a Época continuar a avançando no ritmo atual. Não que a semanal das Organizações Globo vá tomar a liderança em futuro próximo, mas só a queda da diferença, muito provavelmente, poderá mexer com as expectativas – e a verbas – dos anunciantes. Se a IstoÉ firmar-se num patamar um pouco acima do que está hoje, o cenário embola ainda mais.

Esse bololô pode ser ainda maior se levarmos em conta que, somando-se a circulação das três maiores semanais, elas tiveram queda de 3,96%, comparando-se os números de novembro de 2010 (1.833.003) com o de outubro de 2013 (1.760.411). Como a queda da Veja foi de 3% no período e Época e IstoÉ tiveram elevação em seus números, segue-se que houve um bom contingente de leitores que simplesmente deixou de assinar revistas semanais ou passou para outras. Não creio nessa segunda hipótese, pois a Carta Capital – a quarta semanal do país -, de acordo com o HC, mantém hoje basicamente a mesma circulação de há três anos, pouco menos de 30 mil exemplares.

A tendência de abandono desse tipo de revista por parte dos leitores pode acelerar uma reação dos anunciantes em futuro próximo. Uma indicação desse movimento pode ser a extinção da edição paulistana da Época exatamente para adaptar-se “às atuais condições do mercado anunciante”, conforme o comunicado oficial.

Promessa é dívida: A circulação das edições digitais de Folha, Estado e Globo

Pergunta pertinente feita por um leitor após ver os dados sobre as circulações dos três principais jornais do país, publicados semana passada (aqui): “As assinaturas das edições digitais não teriam compensado a queda dos impressos?”. A reposta é sim, como você pode ver nos números abaixo , obtidos pelos Honoráveis Conselheiros que têm me ajudado e aos quais agradeço de coração.

FOLHA

folha_digital
Saiu de 32.301 leitores da edição digital, em junho de 2012, para 60.859, em outubro passado, um acréscimo de 88, 4%. Em números absolutos, a elevação foi de 28.558, superando a queda de 21.259 leitores da edição impressa – um aumento bruto de 7.299 assinantes.

ESTADÃO

Estadao_digital
Teve um desempenho ainda melhor do que o de seu concorrente paulista. O número de assinantes da edição digital foi de 21.948, em junho do ano passado, para 50.972, em outubro deste – um espetacular salto de 132,23% (29.024 assinaturas), que propiciou um ganho bruto de 17.841 leitores, já que a queda no impresso foi de 11.183 leitores.

O GLOBO

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Ao contrário dos paulistas, o jornal dos Marinho não conseguiu descontar a queda da edição impressa pro meio de um aumento nas assinaturas digitais. Em junho de 2012, havia 23.341 leitores da edição digital, número que cresceu para 39.921 (+ 71%) em outubro passado, mas o acréscimo de 16.580 assinantes não superou a queda de 19.089 do jornal em papel – assim, O Globo teve um decréscimo real de 2.509 pessoas em seu leitorado.

ANÁLISE

Estadão, Folha e Globo parecem estar obtendo resultados diferentes no que se referem às suas edições digitais. O veículo dos Mesquita deu um belo salto, deixando para trás – pelo menos, por enquanto, a ideia de que estaria havendo apenas uma “troca de chumbo” entre as edições de papel e digital (os assinantes da primeira apenas transferindo-se para a segunda), como pode estar ocorrendo com a Folha, apesar de seu ganho de 7 mil assinaturas. Já O Globo realmente aparenta estar com problemas, pois a queda de seus leitores é real.

Essa situação, porém, pode mudar, pois o período compreendido pelo levantamento é ainda relativamente pequeno (pouco mais de um ano). Além disso, os gráficos das edições digitais dos três apontam para uma estabilidade no número de assinaturas, o que seria ruim para eles, caso a queda na circulação dos impressos continue como apontam os números apresentados na semana passada – chegando a ser péssimo no caso do Globo.

O equilíbrio, porém, não resolve todo problema, mesmo para Folha e Estadão. É que todo é que o valor da publicidade por milhão na internet tende a ser menor, devido à concorrência com monstros como Google, Facebeook, MSN e, agora, até jornais estrangeiros com edições em português, como El País . A vida dos jornais deve continuar difícil.

Revistas
Um P.S. aqui. Não está fácil obter os números das revistas. Neste caso, os HCs precisam pedir a alguém para pedir a alguém e isso complica as coisas. Os mais persistentes entre eles, porém, ainda não desistiram. Vamos torcer.

Promessa é dívida: a circulação do Globo, do Estadão e da Folha

Há duas semanas prometi correr atrás (aqui) dos números de circulação dos jornais. Bem, consegui. O mérito, porém, vai para os Honoráveis Conselheiros (tive que criar até um grau a mais para eles) que me propiciaram os dados. A eles, meus agradecimentos de todo o coração. Fico no aguardo dos números das revistas, como foi prometido, mas se não for possível, tudo bem – não reduzirá minha gratidão nem um pouco.

Antes de começar, algumas observações:

1. O período abrangido pelos dados é de 36 meses (de novembro de 2010 a outubro último), o que dá uma boa ideia da tendência,
2. São enfocados os principais jornais do eixo Rio-São Paulo, que, por sua representatividade, são um bom retrato da situação geral.
3. Como as tabelas seriam muito extensas, usarei apenas os meses de novembro de 2010 (início), 2011 e 2012 e o de outubro de 2013 (fim), com um gráfico para observação da tendência.
4. Uma análise sucinta no fim.

Bem, então vamos lá:

O Globo

Novembro/2010: 282.132

Novembro/2011: 265.258

Novembro/2012: 278.756

Outubro/2013: 263.475

Variação de 11/2010 sobre 10/2013: – 6,6%

oglobo

O Estado de São Paulo

Novembro/2010: 244.493

Novembro/2011: 261.309

Novembro/2012: 231.620

Outubro/2013: 233.310

Variação de 11/2010 sobre 10/2013: – 4,6%
estadao

Folha de São Paulo

Novembro/2010: 311.409

Novembro/2011: 287.497

Novembro/2012: 299.925

Outubro/2013: 290.150

Variação de 11/2010 sobre 10/2013: – 6,8%
folha

Análise
Creio que os números – e ainda mais os gráficos – falam por si: a tendência de queda de leitores é flagrante e consistente, com picos ocasionais. Ainda assim, a partir dos gráficos pode-se fazer uma observação significativa: mesmo durante as manifestações de junho/julho a tendência geral não foi interrompida. Apenas o Estado apresentou um pequeno salto, mas, em compensação, Globo e a Folha mostraram perdas. Um e outras, porém, não abalaram o caminho das linhas em direção ao chão, chegando mesmo, ao que parece, acelerá-la ainda mais um pouco, o que pode, ou não, ser confirmado com novos números.