As voltas que o mundo dá

O Merval conta hoje, incrédulo, que os chineses admiram mais o capitalismo que os norte-americanos. Mas isso é “efeito novidade”, oras! Sabecumé: início de namoro é aquela paixão, mas três anos depois…Os chinas namoram o capitalismo há uns 30 anos, enquanto os filhos do Tio Sam estão casados com ele há 200 e já viram os resultados de longo prazo.

O pior é que o exemplo da descrença com o capitalismo no “grande irmão do Norte” vem do alto. Veja a matéria que saiu hoje na Agência Estado.

HOENIG: BANCOS “GRANDES DEMAIS PARA FALIR” PODEM CAUSAR NOVA CRISE

Charlotte, 12 – O presidente do Federal Reserve Bank de Kansas City, Thomas Hoenig, afirmou que se algumas instituições financeiras são tão grandes que não se pode permitir que vão à falência, então elas deveriam ser chamadas pelo que são: empresas patrocinadas pelo governo. Discursando durante a conferência anual da Associação Nacional dos Procuradores Gerais dos EUA, Hoenig disse que os maiores bancos precisam ser divididos em entidades menores, ou trarão o risco de uma nova crise financeira global.

“Quando os bancos se tornaram fundos de hedge, isso começou a criar essa enorme complexidade que trouxe o sistema abaixo”, disse Hoenig. Ele não falou em política monetária, nem sobre as condições da economia, limitando-se a dizer que o Fed deveria aprender com seu “erro” de manter as taxas de juro baixas demais na primeira metade da década de 2000, o que teria contribuído para uma expansão exagerada do crédito.

Recentemente, Hoenig, que se aposenta em outubro, tem feito várias advertências sobre o risco de aceleração da inflação, caso o Fed não passe a elevar as taxas de juro.

Durante a conferência em Charlotte, ele afirmou que a reação do governo à crise financeira não chegou a lidar com questões sistêmicas, o que deixou a economia vulnerável. Para Hoenig, a lei de regulamentação do setor financeiro Dodd-Frank, adotada em reação à crise, não vai cumprir seus objetivos, porque as maiores instituições financeiras se tornaram ainda maiores, mais poderosas politicamente e mais críticas em relação ao funcionamento e à regulamentação do sistema. Isso torna mais provável que elas acabem sendo novamente socorridas às custas dos contribuintes, acrescentou. Segundo ele, nem mesmo as exigências do acordo Basiléia III serão  suficientes para disciplinar os grandes bancos e evitar uma nova crise.

Hoenig disse ainda que como essas empresas estão operando sob uma garantia implícita do governo, elas deveriam ser consideradas apêndices do governo, ou empresas patrocinadas pelo Estado. Hoenig também defendeu o modelo “tradicional” de bancos pequenos ou médios – que, segundo ele, concorrem em uma “terrível desvantagem” com as instituições ” grandes demais para falir”.

“Eu não posso aceitar isso. Podemos mudar isso. Nós o fizemos depois da Grande Depressão, quando dividimos os grandes bancos”, acrescentou.